Como mencionado outrora, há também outro fator que anuvia a capacidade de exercício do potencial humano: a realidade. A realidade nada mais é do que uma grande bola inicialmente vazia. Essa bola vai se enchendo de acordo com o que vamos vivenciando. Entretanto, ao passo que a bola vai se enche, vamos perdendo a capacidade de ver o que de fato está na nossa frente, uma vez que nos comportamos baseado apenas no que está na bola. Com efeito, a bola, vulgarmente chamada de realidade, acaba sendo uma grande definidora das nossas expectativas.
Para exemplificar, vejamos:
Nós nascemos. A sociedade real existe antes de nós. A partir do momento do nascimento, nossa bolha que estava vazia começa a se encher pela realidade dos outros. Isto é, os outros nos tranferem o conteúdo da bolha dele para nós. Após o momento de transferência, começamos a agir com base em nossas expectativas. Queremos que nossa mãe compre-nos um brinquedo, pois vemos, em algum local talvez imemorável, que aquilo traria-nos prazer. Mas será que paramos para pensar na verdadeira essência de se comprar um brinquedo? Neste simples exemplo, qual seria as opções verdadeiras - não necessariamente reais, pois, como visto, o real é uma simples relativização nem sempre verdadeira - que estariam atrás do ato de se ter um brinquedo? Ao meu ver, podemos pensar em variadas. Poderíamos querer um brinquedo pelo simples fato dele preencher o tempo que não temos de diversão com nossa genitora [que pode trabalhar muito]. Ou então, poderemos querer um brinquedo pelo simples fato de fazermos inveja aos outros e de querer impor uma realidade nossa a outrens [sem dúvidas, um dos grandes prazeres falsos que o homem tem é o de empurrar sua realidade para outros indivíduos]. Além das citadqs, há diversas outras opções que poderíamos passar séculos a pensar. Agora a grande reflexão: por que não passamos, nem um mínimo de tempo, a refletir nessas escolhas que nos incorrem? Simples; estamos ocupados demais querendo que nossas expectativas se realizem e que consigamos que os outros sejam iguais ou inferiores a nós - ou melhor, que nós consigamos ser iguais ou superiores a eles -, através do processo de transferência.
- M.H