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31 de jan. de 2014

Cansaço

Eu sinto minha mão
Queimar no aço
Não de dor, não de calor
Apenas de cansaço

Escrevi muito
e de tanto escrever, cansei
pensei deveras no que fiz
e de tanto pensar, me fatiguei

agora descanso
agora relaxo
não escrevo o que fiz
não penso no que faço

vou-me deixando estar
estando bem, estando mal
deixar-me-ei descansar

- M.H

Ler

Leio palavras incertas
Inquietas, melhor
Palavras que não se calam
Palavras que não falam

Falam? Não
Mas dizem muito
Dizem mais do que quero saber
São mais do que quero ler

E nesse redemoinho, cá estou
A ler, a ouvir
Não falo; apenas ouço, apenas leio

Se eu falasse, o que diria?
Que não posso ler?
Ou que posso e não o faço?

-M.H

27 de jan. de 2014

Voracidade

Come-se uvas rapidamente pois há a certeza de que mais virão. Entretanto, a voracidade costuma ser tão grande que, quando menos se percebe, todo cacho já se foi; todas as uvas já foram devoradas.

- M.H

25 de jan. de 2014

Fluidez

O grande malefício que acomete-nos hoje é a liquidez. A fluidez. Os acontecimentos fluem com tamanha intensidade, que nos vemos obrigados a seguir a correnteza. Por várias vezes, pegamo-nos cansados, exaustos, sem fôlego para respirar. E, quando tentamos repousar, por mais breve que seja, eis que vêm a onda chamada modernidade e nos afoga mais uma vez. 

- M.H

21 de jan. de 2014

O vento e o mar

O vento veleja às palmeiras
E tudo que escuto é o som do ar
Vejo o oceano distante
E o vento lá a velejar

Vejo as árvores nus
Cobertas pelo gosto do mar
O vento veleja às palmeiras
E o que escuto é o som do ar

Imagino-me subindo nas palmeiras
Imagino-me cruzando o mar
Penso em velejar no vento
Mas tudo o que faço é observar

- M.H