Pequenas formigas
Tornam a farejar
Procuram alguma comida
que as haverá de alimentar
avistam esparsos farelos
dispersos pelo chão
é comida? - indagam as famintas
apesar de saberem que não
se não é comida - questionam entristecidas
o que os farelos podem ser?
inquietam-se todas formigas
à procura do que comer
ora, os farelos eram problemas
que os humanos haviam desperdiçado.
ao jantar, consumiram demasiadas preocupações
mas algumas angústias sobraram.
em prato cheios
e copos a transbordar
os humanos comeram e sorveram de tantos problemas
que se esqueçeram das formigas que haveriam de alimentar...
e foi assim que as formigas morreram de fome.
- M.H
19 de dez. de 2015
30 de nov. de 2015
Adagio
Exteriormente
interioriza-se à mente
o súbito silencio
subitamente
rompem-se
uivos e aplausos
interiormente
exterioriza-se à mente
tudo que de súbito se rompeu
uivos e aplausos ecoam
do exterior senciente
ao interior consciente
belíssimo adágio!
interioriza-se à mente
o súbito silencio
subitamente
rompem-se
uivos e aplausos
interiormente
exterioriza-se à mente
tudo que de súbito se rompeu
uivos e aplausos ecoam
do exterior senciente
ao interior consciente
belíssimo adágio!
12 de set. de 2015
A consciência
A consciência agoniza em face das ovelhas.
Em rebanhos, as desgraçadas movem-se caladamente domesticadas, sustentadas pela bengala de seu senhor. Têm o que comer, têm onde dormir; bebem, enfim, da alegria bucólica.
[contudo, esta alegria não há de durar.
Ao final, retiram-lhe a pele; cortam-lhe a carne; e seus ossos são roídos pelos cães malfeitores.
A desgraça lhes é inata - e, para a esmagadora maioria, desconhecida.
Não obstante, algumas acabam por perder-se no caminho e a desvencilhar-se de seu senhor.
Buscam, em outro relva, a salvação eterna.
[Salvar-se-ão:
mas por um alto preço.
Estarão maculadas com o sinal.
O sinal de Caim.
O sinal da consciência.
- M.H
Em rebanhos, as desgraçadas movem-se caladamente domesticadas, sustentadas pela bengala de seu senhor. Têm o que comer, têm onde dormir; bebem, enfim, da alegria bucólica.
[contudo, esta alegria não há de durar.
Ao final, retiram-lhe a pele; cortam-lhe a carne; e seus ossos são roídos pelos cães malfeitores.
A desgraça lhes é inata - e, para a esmagadora maioria, desconhecida.
Não obstante, algumas acabam por perder-se no caminho e a desvencilhar-se de seu senhor.
Buscam, em outro relva, a salvação eterna.
[Salvar-se-ão:
mas por um alto preço.
Estarão maculadas com o sinal.
O sinal de Caim.
O sinal da consciência.
- M.H
16 de jul. de 2015
A mente e o corpo
O corpo, curioso
esconde as ideias da mente
esburacadas pelo corpo
[para o corpo, enfim
que se afundam, e se afundam...
a mente, fechada
abre-se na vida
ou melhor, no corpo
[para o corpo, afinal
mas não há vida sem mente
e no final, o corpo, vazio
esvazia a mente
e a mente, vazia
lentamente esvazia o corpo...
- M.H
esconde as ideias da mente
esburacadas pelo corpo
[para o corpo, enfim
que se afundam, e se afundam...
a mente, fechada
abre-se na vida
ou melhor, no corpo
[para o corpo, afinal
mas não há vida sem mente
e no final, o corpo, vazio
esvazia a mente
e a mente, vazia
lentamente esvazia o corpo...
- M.H
19 de abr. de 2015
Loucura
Cômico é o fato de que, por vezes, só é possível libertar-se da loucura ao encarná-la em si. A única forma de livrar-se do parasita é deixando-o consumir-lhe obstinadamente; deixando-o penetrar em suas veias como vermes que decompõem cadáveres sadios...
Ora... o fardo de ser louco lhe oferece um deleitoso privilégio: você estará livre da loucura para sempre.
- M.H
Ora... o fardo de ser louco lhe oferece um deleitoso privilégio: você estará livre da loucura para sempre.
- M.H
18 de abr. de 2015
Percepção
Percebi
O que antes não havia percebido
Mas não consegui ver
O que outrora havia visto
Que estranheza!
Onde estava você?
Não vi.
Ou melhor,
Não pude perceber.
- M.H
O que antes não havia percebido
Mas não consegui ver
O que outrora havia visto
Que estranheza!
Onde estava você?
Não vi.
Ou melhor,
Não pude perceber.
- M.H
21 de fev. de 2015
Reflexão sobre o comportamento humano
A verdade é que tudo é uma escolha; tudo é feito de opções. Mas será que sempre é possível vislumbrar estas opções? Verdadeiramente, não. Há raros momentos em que este vislumbre acontece. Na maior parte do tempo, nossa visão está obliterada pela realidade e por nossas expectativas (apesar de ambas agirem conjuntamente). Entraremos no mérito da realidade em seguida. A priori, vejamos como nosso comportamento se dá em face das expectativas. Primeiro, há uma expectativa. Considerando que o ser humano age instintivamente na esperança de que sua expectativa se cumpra, pode-se dizer que o ser humano age de acordo com suas expectativas. Sendo assim, o fato de estarmos esperando algo no momento que agimos já é um bom obliterador da possibilidade de vislumbre de escolhas, já que não queremos saber o que pode acontecer caso tomemos uma atitude diversa da aspirada; o que queremos é apenas que nossos desejos se realizem. Sendo assim, a expectativa e a impuslvidade humana já começam a obscurecer nossa real potencialidade.
Como mencionado outrora, há também outro fator que anuvia a capacidade de exercício do potencial humano: a realidade. A realidade nada mais é do que uma grande bola inicialmente vazia. Essa bola vai se enchendo de acordo com o que vamos vivenciando. Entretanto, ao passo que a bola vai se enche, vamos perdendo a capacidade de ver o que de fato está na nossa frente, uma vez que nos comportamos baseado apenas no que está na bola. Com efeito, a bola, vulgarmente chamada de realidade, acaba sendo uma grande definidora das nossas expectativas.
Para exemplificar, vejamos:
Nós nascemos. A sociedade real existe antes de nós. A partir do momento do nascimento, nossa bolha que estava vazia começa a se encher pela realidade dos outros. Isto é, os outros nos tranferem o conteúdo da bolha dele para nós. Após o momento de transferência, começamos a agir com base em nossas expectativas. Queremos que nossa mãe compre-nos um brinquedo, pois vemos, em algum local talvez imemorável, que aquilo traria-nos prazer. Mas será que paramos para pensar na verdadeira essência de se comprar um brinquedo? Neste simples exemplo, qual seria as opções verdadeiras - não necessariamente reais, pois, como visto, o real é uma simples relativização nem sempre verdadeira - que estariam atrás do ato de se ter um brinquedo? Ao meu ver, podemos pensar em variadas. Poderíamos querer um brinquedo pelo simples fato dele preencher o tempo que não temos de diversão com nossa genitora [que pode trabalhar muito]. Ou então, poderemos querer um brinquedo pelo simples fato de fazermos inveja aos outros e de querer impor uma realidade nossa a outrens [sem dúvidas, um dos grandes prazeres falsos que o homem tem é o de empurrar sua realidade para outros indivíduos]. Além das citadqs, há diversas outras opções que poderíamos passar séculos a pensar. Agora a grande reflexão: por que não passamos, nem um mínimo de tempo, a refletir nessas escolhas que nos incorrem? Simples; estamos ocupados demais querendo que nossas expectativas se realizem e que consigamos que os outros sejam iguais ou inferiores a nós - ou melhor, que nós consigamos ser iguais ou superiores a eles -, através do processo de transferência.
Como mencionado outrora, há também outro fator que anuvia a capacidade de exercício do potencial humano: a realidade. A realidade nada mais é do que uma grande bola inicialmente vazia. Essa bola vai se enchendo de acordo com o que vamos vivenciando. Entretanto, ao passo que a bola vai se enche, vamos perdendo a capacidade de ver o que de fato está na nossa frente, uma vez que nos comportamos baseado apenas no que está na bola. Com efeito, a bola, vulgarmente chamada de realidade, acaba sendo uma grande definidora das nossas expectativas.
Para exemplificar, vejamos:
Nós nascemos. A sociedade real existe antes de nós. A partir do momento do nascimento, nossa bolha que estava vazia começa a se encher pela realidade dos outros. Isto é, os outros nos tranferem o conteúdo da bolha dele para nós. Após o momento de transferência, começamos a agir com base em nossas expectativas. Queremos que nossa mãe compre-nos um brinquedo, pois vemos, em algum local talvez imemorável, que aquilo traria-nos prazer. Mas será que paramos para pensar na verdadeira essência de se comprar um brinquedo? Neste simples exemplo, qual seria as opções verdadeiras - não necessariamente reais, pois, como visto, o real é uma simples relativização nem sempre verdadeira - que estariam atrás do ato de se ter um brinquedo? Ao meu ver, podemos pensar em variadas. Poderíamos querer um brinquedo pelo simples fato dele preencher o tempo que não temos de diversão com nossa genitora [que pode trabalhar muito]. Ou então, poderemos querer um brinquedo pelo simples fato de fazermos inveja aos outros e de querer impor uma realidade nossa a outrens [sem dúvidas, um dos grandes prazeres falsos que o homem tem é o de empurrar sua realidade para outros indivíduos]. Além das citadqs, há diversas outras opções que poderíamos passar séculos a pensar. Agora a grande reflexão: por que não passamos, nem um mínimo de tempo, a refletir nessas escolhas que nos incorrem? Simples; estamos ocupados demais querendo que nossas expectativas se realizem e que consigamos que os outros sejam iguais ou inferiores a nós - ou melhor, que nós consigamos ser iguais ou superiores a eles -, através do processo de transferência.
- M.H
Papel higiênico
Às vezes me pergunto por que diabos há desenhos de corações e outras alusões amorosas estampadas no papel higiênico. O que estão sugerindo? Que o amor sempre acaba em merda? Vede uma intrigante questão.
- M.H
- M.H
20 de fev. de 2015
Um sonho real.
Na frígida manhã
Seus pelos eriçaram-se:
estaria acordado?
O pensamento o acordara num sobressalto.
Dirigiu-se prontamente ao banheiro
E logo deu de cara com o espelho
Ah, seu reflexo não o enganava...
estava dormindo.
Voltou à sua cama
E tratou de se cobrir:
a manhã estava fria,
a despeito do sol que já se pora
...
adormecera novamente.
- M.H
Seus pelos eriçaram-se:
estaria acordado?
O pensamento o acordara num sobressalto.
Dirigiu-se prontamente ao banheiro
E logo deu de cara com o espelho
Ah, seu reflexo não o enganava...
estava dormindo.
Voltou à sua cama
E tratou de se cobrir:
a manhã estava fria,
a despeito do sol que já se pora
...
adormecera novamente.
- M.H
O ser
Em busca de si
Fora em busca de outros
Que surpresa formidável:
Encontrará-o !
[os
mas logo se perdeu.
''Sua culpa?!'' os sagazes indagariam
Mas também fora sagaz.
''Culpa dos outros!'' os sábios exclamariam
Mas também fora sábio.
''Então por que diabos se perdeu?''
é o que muito se ouve perguntar
Ora, pois, veja bem...
Não estás perdido também?!
- M.H
Fora em busca de outros
Que surpresa formidável:
Encontrará-o !
[os
mas logo se perdeu.
''Sua culpa?!'' os sagazes indagariam
Mas também fora sagaz.
''Culpa dos outros!'' os sábios exclamariam
Mas também fora sábio.
''Então por que diabos se perdeu?''
é o que muito se ouve perguntar
Ora, pois, veja bem...
Não estás perdido também?!
- M.H
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